Localiza��o
das Amostras - Grava��es do Grupo de Varia��o do Centro de Lingu�stica
da Universidade de Lisboa� -� Registos Sonoros
Dialectos
portugueses centro-meridionais:
do
centro litoral
Moita
do Martinho� 1
INF
= Informante
INQ = Inquiridor
�
INQ1
A gordura ou a banha � quando est� derretido ou quando j� est�? …
INF1 � quando est� derretido. Quer dizer, (…) as pr�prias banhas d�-se-lhe o nome de banha, quando ainda est� …
INQ1
Inteiras.
INQ2
Ainda est�…
INF1 Inteira. Exactamente.
INQ2
Sim.
INF1 E depois chama-se a manteiga ou chama-se a banha de porco. Mas � quase sempre �: d�-se
o nome � de manteiga.
INQ2 Manteiga de porco?
INF2
�, �.
INF1 Exactamente. (�) manteiga de porco.
INQ2
Olhe o presunto � da perna de tr�s (…)
ou da frente?
INF1 � da (…) traseira.
INQ2
E da frente?
INF1 Da frente, � a 'pada'. Chama-se-lhe a 'espada' da m�o, ou coisa assim.
[…]
INF1 At� n�o… Aqui, n�o h� muitos anos, (…) n�o havia luz el�ctrica ainda nestas aldeias por aqui e era tudo
conservado com sal, na salgadeira. Agora j� vai mais para a arca congeladora, n�o �?
INQ1
E a salgadeira era de barro ou de madeira?
INF2 Era de madeira, a antiga.
INF1 H� dumas e doutras; h� de madeira, mas tamb�m h� em cimento. H� umas…
INF2 A antiga era de madeira, mas agora…E depois era de cimento. Agora j� � as arcas frigor�ficas.
INQ1
E…
O sal vai criando uma aguinha que come�a a escorrer da salgadeira.
INF1 Exactamente.
INF2 Tinha um buraquinho para escorrer a �gua for a.
INF1 Por isso � que a salgadeira tem um buraco por baixo. Conforme aquilo se vai derretendo, aquela humidade da
carne apertada com o sal, e vai pingando em baixo. P�e-se at� um prato por baixo a aparar o …
INQ1
A aparar o qu�? Como � que se chama?
INF1 Aquele… (…) Aquela humidade, aquela �gua (…) do sal.
INF2 Do sal.
INQ2
Mas tem algum nome aquela �gua do sal?
INF1 Acho que n�o.
INF2 Hum, acho que n�o.
INQ1
N�o havia nada que se chamasse salmoira?
INQ2
A moura?
INF1 Ah, pois. Pois. Exactamente. Mas a salmoira…
INF2 A salmoira!
INF1 Pois.
INF2 � a salmoira que lhe chamamos.
INF1 Mas a salmoira �s vezes � mesmo quando est� assim agarrada. Olha, aquela… Olha, est� cheia de salmoira j�,
do sal.
INF2 Pois. � aquela (…)
INF1 Depois derrete-se.
INQ2
(…)
INF1 Exactamente, pois…
INQ1
Portanto, j� falou da morcela. E que outras coisas � que se fazia para?…
Com as tripas?
INF1 � a farinheira.
INF2 � a farinheira e a chouri�a.
INQ2
Farinheira � com farinha de qu�?
INF1 � farinha de trigo.
INF2 � a farinha de milho e a farinha de trigo. Mais de milho: dois punhados de milho e um de trigo. Depois
mistura-se aquilo tudo bem misturadinho e depois enche-se.
INQ1
Hum-hum.
INF2 Corta-se conforme a maneira que quer, ou mais pequenino ou maior, as farinheiras ou os chouri�os, conforme
queiram.
INQ1
O chouri�o aqui era com carne entremeada ou era s� carne?
INF2 Sim, sim. Entremeada, sim. (…)
INQ1
Pois. E n�o havia nenhum que se fizesse s� com a carne mesmo assim daquela
carne limpa do lombo, ou isso?Que fosse s�?
…
INF2
N�o. N�o, n�o.
INF1 Pois. Quer dizer, �: a gente aproveita mais (…) para enchido � aquela que tem� (…) aquela percentagem (…)
de…
INF2 Aquele entremeio! Tanto de gordura como…
INF1
De gordo (…) e a tal dita magra. Aquela assim… Porque h� uma que (…) �
realmente toda magrinha; e h� uma outra parte do porco que tem uma que � assim
mais entremeada com um bocadinho de gordura e � essa (…) que � cortada aos
bocadinhos para fazer o tal dito enchido.
� Instituto Cam�es, 2002