A Lingua Portuguesa

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A L�ngua Portuguesa


1. Hist�ria

1.1. O per�odo pr�-rom�nico

Os linguistas t�m hoje boas raz�es para sustentar que um grande n�mero de l�nguas da Europa e da �sia prov�em de uma mesma l�ngua de origem, designada pelo termo indo-europeu. Com exce��o do basco, todas as l�nguas oficiais dos pa�ses da europa ocidental pertencem a quatro ramos da fam�lia indo-europ�ia: o hel�nico (grego), o rom�nico (portugu�s, italiano, franc�s, castelhano, etc.), o germ�nico (ingl�s, alem�o) e o c�ltico (irland�s, ga�lico). Um quinto ramo, o eslavo, engloba diversas l�nguas atuais da Europa Oriental.

Por volta do II mil�nio a.C., o grande movimento migrat�rio de leste para oeste dos povos que falavam l�nguas da fam�lia indo-europ�ia terminou. Eles atingiram seu habitat quase definitivo, passando a ter contato permanente com povos de origens diversas, que falavam l�nguas n�o indo-europ�ias. Um grupo importante, os celtas, instalou-se na Europa Central, na regi�o correspondente �s atuais Bo�mia (Rep�blica Tcheca) e Baviera (Alemanha).

Algumas l�nguas da Europa no II mil�nio a.C.

Povos de l�nguas indo-europ�ias: germanos, eslavos, celtas, �mbrios, latinos, oscos, d�rios.
Povos de origens diversas: �beros, aquitanos, l�gures, etruscos, s�culos.

Os celtas estavam situados de in�cio no centro da Europa, mas entre o II e o I mil�nios a.C. foram ocupando v�rias outras regi�es, at� ocupar, no s�culo III a.C., mais da metade do continente europeu. Os celtas s�o conhecidos, segundo as zonas que ocuparam, por diferentes denomina��es: celt�beros na Pen�nsula Ib�rica, gauleses na Fran�a, bret�es na Gr�-Bretanha, g�latas no centro da Turquia, etc.

O per�odo de expans�o celta veio entretanto a sofrer uma reviravolta e, devido � press�o exterior, principalmente romana, o espa�o ocupado por este povo encolheu. As l�nguas c�lticas, empurradas ao longo dos s�culos at� as extremidades ocidentais da Europa, subsistem ainda em regi�es da Irlanda (o irland�s � inclusive uma das l�nguas oficiais do pa�s), da Gr�-Bretanha e da Bretanha francesa. Surpreendentemente, nenhuma l�ngua c�ltica subsistiu na Pen�nsula Ib�rica, onde a implanta��o dos celtas ocorreu em tempos muito remotos (I mil�nio a.C.) e cuja l�ngua se manteve na Galiza (regi�o ao norte de Portugal, atualmente parte da Espanha) at� o s�culo VII d.C.


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1.2. O per�odo rom�nico

Embora a Pen�nsula Ib�rica fosse habitada desde muito antes da ocupa��o romana, pouqu�ssimos tra�os das l�nguas faladas por estes povos persistem no portugu�s moderno.

A l�ngua portuguesa, que tem como origem a modalidade falada do latim, desenvolveu-se na costa oeste da Pen�nsula Ib�rica (atuais Portugal e regi�o da Galiza, ou Gal�cia) inclu�da na prov�ncia romana da Lusit�nia. A partir de 218 a.C., com a invas�o romana da pen�nsula, e at� o s�culo IX, a l�ngua falada na regi�o � o romance, uma variante do latim que constitui um est�gio intermedi�rio entre o latim vulgar e as l�nguas latinas modernas (portugu�s, castelhano, franc�s, etc.).

Durante o per�odo de 409 d.C. a 711, povos de origem germ�nica instalam-se na Pen�nsula Ib�rica. O efeito dessas migra��es na l�ngua falada pela popula��o n�o � uniforme, iniciando um processo de diferencia��o regional. O rompimento definitivo da uniformidade lingu�stica da pen�nsula ir� ocorrer mais tarde, levando � forma��o de l�nguas bem diferenciadas. Algumas influ�ncias dessa �poca persistem no vocabul�rio do portugu�s moderno em termos como roubar, guerrear e branco

A partir de 711, com a invas�o moura da Pen�nsula Ib�rica, o �rabe � adotado como l�ngua oficial nas regi�es conquistadas, mas a popula��o continua a falar o romance. Algumas contribui��es dessa �poca ao vocabul�rio portugu�s atual s�o arroz, alface, alicate e ref�m.

No per�odo que vai do s�culo IX (surgimento dos primeiros documentos latino-portugueses) ao XI, considerado uma �poca de transi��o, alguns termos portugueses aparecem nos textos em latim, mas o portugu�s (ou mais precisamente o seu antecessor, o galego-portugu�s) � essencialmente apenas falado na Lusit�nia.


Início Recuar Avançar Fim Veja o mapa da reconquista crist� na zona do territ�rio de Portugal

1.3. O galego-portugu�s

No s�culo XI, com o in�cio da reconquista crist� da Pen�nsula Ib�rica, o galego-portugu�s consolida-se como l�ngua falada e escrita da Lusit�nia. Os �rabes s�o expulsos para o sul da pen�nsula, onde surgem os dialetos mo��rabes, a partir do contato do �rabe com o latim. Em galego-portugu�s s�o escritos os primeiros documentos oficiais e textos liter�rios n�o latinos da regi�o, como os cancioneiros (colet�neas de poemas medievais):

  • Cancioneiro da Ajuda - Copiado (na �poca ainda n�o havia imprensa) em Portugal em fins do s�culo XIII ou princ�pios do s�culo XIV. Encontra-se na Biblioteca da Ajuda, em Lisboa. Das suas 310 cantigas, quase todas s�o de amor.
  • Cancioneiro da Vaticana - Trata-se do c�dice 4.803 da biblioteca Vaticana, copiado na It�lia em fins do s�culo XV ou princ�pios do s�culo XVI. Entre as suas 1.205 cantigas, h� composi��es de todos os g�neros.
  • Cancioneiro Colocci-Brancutti - Copiado na It�lia em fins do s�culo XV ou princ�pios do s�culo XVI. Descoberto em 1878 na biblioteca do conde Paulo Brancutti do Cagli, em Ancona, foi adquirido pela Biblioteca Nacional de Lisboa, onde se encontra desde 1924. Entre as suas 1.664 cantigas, h� composi��es de todos os g�neros.

� medida em que os crist�os avan�am para o sul, os dialetos do norte interagem com os dialetos mo��rabes do sul, come�ando o processo de diferencia��o do portugu�s em rela��o ao galego-portugu�s. A separa��o entre o galego e o portugu�s se iniciar� com a independ�ncia de Portugal (1185) e se consolidar� com a expuls�o dos mouros em 1249 e com a derrota em 1385 dos castelhanos que tentaram anexar o pa�s. No s�culo XIV surge a prosa liter�ria em portugu�s, com a Cr�nica Geral de Espanha (1344) e o Livro de Linhagens, de dom Pedro, conde de Barcelona.


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1.4. O portugu�s arcaico

Entre os s�culos XIV e XVI, com a constru��o do imp�rio portugu�s de ultramar, a l�ngua portuguesa faz-se presente em v�rias regi�es da �sia, �frica e Am�rica, sofrendo influ�ncias locais (presentes na l�ngua atual em termos como jangada, de origem malaia, e ch�, de origem chinesa). Com o Renascimento, aumenta o n�mero de italianismos e palavras eruditas de deriva��o grega, tornando o portugu�s mais complexo e male�vel. O fim desse per�odo de consolida��o da l�ngua (ou de utiliza��o do portugu�s arcaico) � marcado pela publica��o do Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, em 1516.


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1.5. O portugu�s moderno

No s�culo XVI, com o aparecimento das primeiras gram�ticas que definem a morfologia e a sintaxe, a l�ngua entra na sua fase moderna: em Os Lus�adas, de Luis de Cam�es (1572), o portugu�s j� �, tanto na estrutura da frase quanto na morfologia, muito pr�ximo do atual. A partir da�, a l�ngua ter� mudan�as menores: na fase em que Portugal foi governado pelo trono espanhol (1580-1640), o portugu�s incorpora palavras castelhanas (como bobo e granizo); e a influ�ncia francesa no s�culo XVIII (sentida principalmente em Portugal) faz o portugu�s da metr�pole afastar-se do falado nas col�nias.

Nos s�culos XIX e XX o vocabul�rio portugu�s recebe novas contribui��es: surgem termos de origem grecolatina para designar os avan�os tecnol�gicos da �poca (como autom�vel e televis�o) e termos t�cnicos em ingl�s em ramos como as ci�ncias m�dicas e a inform�tica (por exemplo, check-up e software). O volume de novos termos estimula a cria��o de uma comiss�o composta por representantes dos pa�ses de l�ngua portuguesa, em 1990, para uniformizar o vocabul�rio t�cnico e evitar o agravamento do fen�meno de introdu��o de termos diferentes para os mesmos objetos.


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2. O portugu�s no mundo

O mundo lus�fono (que fala portugu�s) � avaliado hoje entre 170 e 210 milh�es de pessoas. O portugu�s, oitava l�ngua mais falada do planeta (terceira entre as l�nguas ocidentais, ap�s o ingl�s e o castelhano), � a l�ngua oficial em sete pa�ses: Angola (10,3 milh�es de habitantes), Brasil (151 milh�es), Cabo Verde (346 mil), Guin� Bissau (1 milh�o), Mo�ambique (15,3 milh�es), Portugal (9,9 milh�es) e S�o Tom� e Pr�ncipe (126 mil).

�frica Am�rica do Sul Europa

Conhe�a a CPLP

O portugu�s � uma das l�nguas oficiais da Uni�o Europeia (ex-CEE) desde 1986, quando da admiss�o de Portugal na institui��o. Em raz�o dos acordos do Mercosul (Mercado Comum do Sul), do qual o Brasil faz parte, o portugu�s � ensinado como l�ngua estrangeira nos demais pa�ses que dele participam. Em 1996, foi criada a Comunidade dos Pa�ses de L�ngua Portuguesa (CPLP), que reune os pa�ses de l�ngua oficial portuguesa com o prop�sito de aumentar a coopera��o e o interc�mbio cultural entre os pa�ses membros e uniformizar e difundir a l�ngua portuguesa.

Na �rea vasta e descont�nua em que � falado, o portugu�s apresenta-se, como qualquer l�ngua viva, internamente diferenciado em variedades que divergem de maneira mais ou menos acentuada quanto � pron�ncia, a gram�tica e ao vocabul�rio. Tal diferencia��o, entretanto, n�o compromete a unidade do idioma: apesar da acidentada hist�ria da sua expans�o na Europa e, principalmente, fora dela, a l�ngua portuguesa conseguiu manter at� hoje apreci�vel coes�o entre as suas variedades.

No estudo das formas que veio a assumir a l�ngua portuguesa na �frica, na �sia e na Oceania, � necess�rio distinguir dois tipos de variedades: as crioulas e as n�o crioulas. As variedades crioulas resultam do contato que o sistema lingu�stico portugu�s estabeleceu, a partir do s�culo XV, com sistemas lingu�sticos ind�genas. 0 grau de afastamento em rela��o � l�ngua m�e � hoje de tal ordem que, mais do que como dialetos, os crioulos devem ser considerados como l�nguas derivadas do portugu�s.


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Veja nossa defini��o de dialetos

Veja o mapa dos dialetos em Portugal e Galiza

2.1. O portugu�s na Europa

Na faixa ocidental da Pen�nsula Ib�rica, onde o galego-portugu�s era falado, atualmente utiliza-se o galego e o portugu�s. Esta regi�o apresenta um conjunto de falares que, de acordo com certas caracter�sticas fon�ticas (principalmente a pron�ncia das sibilantes: utiliza��o ou n�o do mesmo fonema em roSa e em paSSo, diferencia��o fon�tica ou n�o entre Cinco e Seis, etc.), podem ser classificados em tr�s grandes grupos:
  1. Dialetos galegos;
  2. Dialetos portugueses setentrionais; e
  3. Dialetos portugueses centro-meridionais.

A fronteira entre os dialetos portugueses setentrionais e centro-meridionais atravessa Portugal de noroeste a sudeste. Merecem aten��o especial algumas regi�es do pa�s que apresentam caracter�sticas fon�ticas peculiares: a regi�o setentrional que abrange parte do Minho e do Douro Litoral, uma extensa �rea da Beira-Baixa e do Alto-Alentejo, principalmente centro-meridional, e o ocidente do Algarve, tamb�m centro-meridional.

Os dialetos falados nos arquip�lagos dos A�ores e da Madeira representam um prolongamento dos dialetos portugueses continentais, podendo ser inclu�dos no grupo centro-meridional. Constituem casos excepcionais a ilha de S�o Miguel e da Madeira: independentemente uma da outra, ambas se afastam do que se pode chamar a norma centro-meridional por acrescentar-lhe um certo n�mero de tra�os muito peculiares (alguns dos quais igualmente encontrados em dialetos continentais).


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2.1.1. O galego

A maioria dos linguistas e intelectuais defende a unidade lingu�stica do galego-portugu�s at� a atualidade. Segundo esse ponto de vista, o galego e o portugu�s modernos seriam parte de um mesmo sistema lingu�stico, com diferentes normas escritas (situa��o similar � existente entre o Brasil e Portugal, ou entre os Estados Unidos e a Inglaterra, onde algumas palavras t�m ortografias distintas). A posi��o oficial na Galiza, entretanto, � considerar o portugu�s e o galego como l�nguas aut�nomas, embora compartilhando algumas caracter�sticas.

Outras informa��es sobre a Galiza e o galego moderno podem ser obtidas nos seguintes endere�os:


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2.2. O portugu�s na Am�rica

2.2.1. Hist�ria da l�ngua no Brasil

No in�cio da coloniza��o portuguesa no Brasil (a partir da descoberta, em 1500), o tupi (mais precisamente, o tupinamb�, uma l�ngua do litoral brasileiro da fam�lia tupi-guarani) foi usado como l�ngua geral na col�nia, ao lado do portugu�s, principalmente gra�as aos padres jesu�tas que haviam estudado e difundido a l�ngua. Em 1757, a utiliza��o do tupi foi proibida por uma Provis�o Real. Tal medida foi poss�vel porque, a essa altura, o tupi j� estava sendo suplantado pelo portugu�s, em virtude da chegada de muitos imigrantes da metr�pole. Com a expuls�o dos jesu�tas em 1759, o portugu�s fixou-se definitivamente como o idioma do Brasil. Das l�nguas ind�genas, o portugu�s herdou palavras ligadas � flora e � fauna (abacaxi, mandioca, caju, tatu, piranha), bem como nomes pr�prios e geogr�ficos.

Com o fluxo de escravos trazidos da �frica, a l�ngua falada na col�nia recebeu novas contribui��es. A influ�ncia africana no portugu�s do Brasil, que em alguns casos chegou tamb�m � Europa, veio principalmente do iorub�, falado pelos negros vindos da Nig�ria (vocabul�rio ligado � religi�o e � cozinha afrobrasileiras), e do quimbundo angolano (palavras como ca�ula, moleque e samba).

Um novo afastamento entre o portugu�s brasileiro e o europeu aconteceu quando a l�ngua falada no Brasil colonial n�o acompanhou as mudan�as ocorridas no falar portugu�s (principalmente por influ�ncia francesa) durante o s�culo XVIII, mantendo-se fiel, basicamente, � maneira de pronunciar da �poca da descoberta. Uma reaproxima��o ocorreu entre 1808 e 1821, quando a fam�lia real portuguesa, em raz�o da invas�o do pa�s pelas tropas de Napole�o Bonaparte, transferiu-se para o Brasil com toda sua corte, ocasionando um reaportuguesamento intenso da l�ngua falada nas grandes cidades.

Ap�s a independ�ncia (1822), o portugu�s falado no Brasil sofreu influ�ncias de imigrantes europeus que se instalaram no centro e sul do pa�s. Isso explica certas modalidades de pron�ncia e algumas mudan�as superficiais de l�xico que existem entre as regi�es do Brasil, que variam de acordo com o fluxo migrat�rio que cada uma recebeu.

No s�culo XX, a dist�ncia entre as variantes portuguesa e brasileira do portugu�s aumentou em raz�o dos avan�os tecnol�gicos do per�odo: n�o existindo um procedimento unificado para a incorpora��o de novos termos � l�ngua, certas palavras passaram a ter formas diferentes nos dois pa�ses (comboio e trem, autocarro e �nibus, ped�gio e portagem). Al�m disso, o individualismo e nacionalismo que caracterizam o movimento rom�ntico do in�cio do s�culo intensificaram o projeto de cria��o de uma literatura nacional expressa na variedade brasileira da l�ngua portuguesa, argumento retomado pelos modernistas que defendiam, em 1922, a necessidade de romper com os modelos tradicionais portugueses e privilegiar as peculiaridades do falar brasileiro. A abertura conquistada pelos modernistas consagrou literariamente a norma brasileira.


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Veja a nossa defini��o de dialetos

Veja o mapa dos dialetos no Brasil

2.2.2. Zonas dialetais brasileiras

A fala popular brasileira apresenta uma relativa unidade, maior ainda do que a da portuguesa, o que surpreende em se tratando de um pais t�o vasto. A compara��o das variedades dialetais brasileiras com as portuguesas leva � conclus�o de que aquelas representam em conjunto um sincretismo destas, j� que quase todos os tra�os regionais ou do portugu�s padr�o europeu que n�o aparecem na l�ngua culta brasileira s�o encontrados em algum dialeto do Brasil.

A insufici�ncia de informa��es rigorosamente cient�ficas e completas sobre as diferen�as que separam as variedades regionais existentes no Brasil n�o permite classific�-las em bases semelhantes �s que foram adotadas na classificac�o dos dialetos do portugu�s europeu. Existe, em car�ter provis�rio, uma proposta de classifica��o de conjunto que se baseia - como no caso do portugu�s europeu - em diferen�as de pron�ncia (basicamente no grau de abertura na pron�ncia das vogais, como em pEgar, onde o "e" pode ser aberto ou fechado, e na cad�ncia da fala). Segundo essa proposta, � poss�vel distinguir dois grupos de dialetos brasileiros: o do Norte e o do Sul. Pode-se distinguir no Norte duas variedades: amaz�nica e nordestina. E, no Sul, quatro: baiana, fluminense, mineira e sulina.


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2.3. O portugu�s na �frica

Em Angola e Mo�ambique, onde o portugu�s se implantou mais fortemente como l�ngua falada, ao lado de numerosas l�nguas ind�genas, fala-se um portugu�s bastante puro, embora com alguns tra�os pr�prios, em geral arca�smos ou dialetalismos lusitanos semelhantes aos encontrados no Brasil. A influ�ncia das l�nguas negras sobre o portugu�s de Angola e Mo�ambique foi muito leve, podendo dizer-se que abrange somente o l�xico local.

Nos demais pa�ses africanos de l�ngua oficial portuguesa, o portugu�s � utilizado na administra��o, no ensino, na imprensa e nas rela��es internacionais. Nas situa��es da vida cotidiana s�o utilizadas tamb�m l�nguas nacionais ou crioulos de origem portuguesa. Em alguns pa�ses verificou-se o surgimento de mais de um crioulo, sendo eles entretanto compreens�veis entre si.

Essa conviv�ncia com l�nguas locais vem causando um distanciamento entre o portugu�s regional desses pa�ses e a l�ngua portuguesa falada na Europa, aproximando-se em muitos casos do portugu�s falado no Brasil.

2.3.1 Angola

Em 1983, 60% dos moradores declararam que o portugu�s era sua l�ngua materna. A l�ngua oficial convive com v�rias outras l�nguas nacionais, como o quicongo, o quimbundo, o umbundu, o chocue, o mbundo (ou ovimbundo) e o oxikuanyama.

2.3.2 Cabo Verde

Falam-se crioulos que mesclam o portugu�s arcaico a l�nguas africanas. Os crioulos dividem-se en dois grandes grupos: os das ilhas de Barlavento, ao norte, e os das ilhas de Sotavento, ao sul.

2.3.3 Guin� Bissau

Em 1983, 44% da popula��o falava crioulos de base portuguesa, 11% falava o portugu�s e o restante, in�meras l�nguas africanas. O crioulo da Guin�-Bissau possui dois dialetos, o de Bissau e o de Cacheu, no norte do pa�s.

2.3.4 Mo�ambique

O portugu�s � a l�ngua oficial falada por 25% da popula��o, mas apenas 1,2% a considera como l�ngua materna. A maioria da popula��o fala l�nguas do grupo banto.

2.3.5 S�o Tom� e Pr�ncipe

Em S�o Tom� fala-se o forro e o monc� (l�nguas locais), al�m do portugu�s. O forro era a l�ngua falada pela popula��o mesti�a e livre das cidades. No s�culo XVI, naufragou perto da ilha um barco de escravos angolanos, muitos dos quais conseguiram nadar at� a ilha e formar um grupo �tnico a parte. Este grupo fala o monc�, um outro crioulo de base portuguesa mas com mais termos de origem banta. H� cerca 78% de semelhan�as entre o forro (ou s�o-tomense) e o monc� (ou angolar).

Existe tamb�m o portugu�s de S�o Tom�, que guarda muitos tra�os do portugu�s arcaico na pron�ncia, no l�xico e at� na constru��o sint�tica. Era a l�ngua falada pela popula��o culta, pela classe m�dia e pelos donos de propriedades. Atualmente, � o portugu�s falado pela popula��o em geral, enquanto que a classe pol�tica e a alta sociedade utilizam o portugu�s europeu padr�o, muitas vezes aprendido durante os estudos feitos em Portugal.

A ilha do Pr�ncipe fala o principense, um outro crioulo de base portuguesa, que se pode considerar como um dialeto do crioulo s�o-tomense

2.3.6 Outras regi�es

A influ�ncia portuguesa na �frica deu-se tamb�m em algumas outras regi�es isoladas, muitas vezes levando � apari��o de crioulos de base portuguesa:

Ano Bom, na Guin� Equatorial.
Em Ano Bom, uma ilha a 400 km ao sul de S�o Tom�, fala-se o ano-bonense, bastante similar ao s�o-tomense. Tal fato explica-se por haver sido a ilha povoada por escravos vindos de S�o Tom�.
Casaman�a, no Senegal.
O crioulo de Casaman�a s� se fala na capital, Ziguinchor, uma cidade fundada por portugueses (seu nome deriva da express�o portuguesa cheguei e chorei). Est� na �rbita lexical do crioulo de Cacheu, na Guin�-Bissau.

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2.4. O portugu�s na �sia e Oceania

Embora nos s�culos XVI e XVII o portugu�s tenha sido largamente utilizado nos portos da �ndia e sudeste da �sia, atualmente ele s� sobrevive na sua forma padr�o em alguns pontos isolados:

  • em Macau, territ�rio chin�s sob administra��o portuguesa at� 1999. O portugu�s � uma das l�nguas oficiais, ao lado do chin�s, mas s� � utilizado pela administra��o e falado por uma parte minorit�ria da popula��o;
  • no estado indiano de Goa, possess�o portuguesa at� 1961, onde vem sendo substitu�do pelo konkani (l�ngua oficial) e pelo ingl�s.
  • no Timor leste, territ�rio sob administra��o portuguesa at� 1975, quando foi invadido e anexado ilegalmente pela Indon�sia. A l�ngua local � o tetum, mas uma parcela da popula��o domina o portugu�s.

Dos crioulos da �sia e Oceania, outrora bastante numerosos, subsistem apenas os de Dam�o, Jaipur e Diu, na �ndia; de M�laca, na Mal�sia; do Timor; de Macau; do Sri-Lanka; e de Java, na Indon�sia (em algumas dessas cidades ou regi�es h� tamb�m grupos que utilizam o portugu�s).



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Fontes:

  • Walter, Henriette (1994), A Aventura das L�nguas do Ocidente - A sua Origem, a sua Hist�ria, a sua Geografia (tradu��o de Manuel Ramos). Terramar, Lisboa, Portugal.
  • Azevedo Filho, Leodeg�rio A. (1983), Hist�ria da Literatura Portuguesa - Volume I: A Poesia dos Trovadores Galego-Portugueses. Edi��es Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, Brasil.
  • Mattos e Silva, Rosa V. (1994), O Portugu�s Arcaico - Morfologia e Sintaxe. Editora Contexto, S�o Paulo, Brasil.
  • Ferreira, Carlota e outros (1994), Diversidade do Portugu�s do Brasil: Estudos de Dialectologia Rural e Outros, 2a edi��o (revista). Universidade Federal da Bahia, Salvador, Brasil.
  • Cunha, Celso e Cintra, Luis F. Lindley (1985), Nova Gram�tica do Portugu�s Contempor�neo, cap. 2, pp. 9-14. Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, Brasil.
  • Cuesta, Pilar V. e Mendes da Luz, Maria A. (1971), Gram�tica da L�ngua Portuguesa, pp. 119-154. Cole��o Lexis, Edi��es 70, Lisboa, Portugal.
  • Novo Dicion�rio Aur�lio da L�ngua Portuguesa, 2a edi��o (revista e ampliada, 1986). Editora Nova Fronteira, S�o Paulo, Brasil.
  • Almanaque Abril, 20a (1994) e 21a (1995) edi��es. Editora Abril, S�o Paulo, Brasil.
  • Culbert, Sidney S. (1987), The principal languages of the World, em The World Almanac and Book of Facts - 1987, p. 216. Pharos Books, New York, EUA.


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Informa��es adicionais



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