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by Yve Sant'ana
Esta pesquisa busca alternativas para o ensino de latim no contexto de formações superiores em língua portuguesa no Brasil diante da crise institucional que o latim e todos os demais ícones do humanismo clássico enfrentam na modernidade e em particular no Brasil. Os resultados apontam para a necessidade de propor um objeto de estudo que encontre eco na identidade do estudante para que a aprendizagem seja significativa. A partir disso, e assumindo que o português brasileiro (PB) faz parte da identidade desse estudante, o autor propõe um conjunto permanências ou reincidências latinas do PB como forma de levar o estudante ao encontro do latim de forma relevante e significativa. Tais permanências ou reincidências latinas são: vocalismo permanente; queda de /s/ e nasal final; próclise generalizada do pronome átono; uso de em com verbos de movimento; variação de gênero gramatical e classes nominais temáticas; dupla negação enfática do PB; gerúndio continuativo; condicional analítico com ir; particípios rizotônicos; se indeterminador; demonstrativo definido; construção de dativo com infinitivo. Por fim, são apresentadas alternativas de aplicação prática dessa proposta na forma de percursos didáticos, partindo das permanências e reincidências latinas do PB em direção a tópicos de um programa de latim básico no contexto de formação superior em língua portuguesa no Brasil.
Este livro pretende oferecer uma porta de entrada para os estudos filológicos da língua portuguesa. A filologia é uma das áreas mais antigas ligadas aos estudos da linguagem. Inicialmente, ela consistia no estudo de textos antigos, para fins de estabelecimento, interpretação e edição, mas na Idade Moderna os filólogos passaram a assumir também a tarefa de descrever e explicar o desenvolvimento histórico das línguas com base nos textos antigos. Na virada para o século XX, a filologia foi o terreno em que floresceu a linguística moderna. Hoje, os estudos filológicos compartilham o mesmo espaço que agora também é ocupado pela linguística histórica, pelos estudos variacionistas e pelos estudos de gramaticalização, embora cada abordagem difira em métodos, concepções e, eventualmente, objetos. Resumindo, isso quer dizer que, ao convidarmos você a embarcar nesta incursão pelos estudos filológicos lusófonos, em outras palavras, nós estamos convidando você a conhecer a história da língua portuguesa.Talvez você esteja se perguntando: por que devo estudar a história da língua portuguesa? Esta é uma pergunta extremamente importante, que pode ter diferentes respostas, e é por isso que o primeiro capítulo deste caderno é dedicado a respondê-la. Você terá a oportunidade de conhecer algumas dessas possíveis respostas, mas a resposta assumida neste material caminha na seguinte direção: se não conhecermos a história da nossa língua, não teremos condições de compreender uma série de aspectos que distinguem o português do Brasil; consequentemente, não teremos esclarecimento suficiente para ensinar essa língua no contexto escolar brasileiro e, provavelmente, vamos reproduzir estereótipos, preconceitos e prescrições equivocadas aos nossos alunos.Essa será a tônica assumida em todo o material: este Caderno de Estudos visa a informá-lo sobre a história da língua que usamos hoje, para que você possa ensiná-la com a consciência de que ela é algo vivo e dinâmico, que está em constante mudança ao longo do tempo.
2019, Sebastião Elias Milani
O latim era a língua do Império Romano. Muito importante dizer que o latim era a língua do Vaticano. Tudo que fosse professado pela Igreja Católica em qualquer lugar do mundo era feito em Latim. Somente no século XVI que começou a mudar e os cultos católicos, bem como a Bíblia, seu livro sagrado, começaram a serem feitos nos vernáculos. No Brasil, o hábito de se dizer as missas em latim perdurou até o século XX. A formação de religiosos ainda contempla estudar e conhecer profundamente a língua latina. Portugal nasceu a partir da criação do Condado Portucalense. Dom Afonso Henriques, o Conde de Borgonha, recebeu do rei de Leão em 1096, como prêmio, o território que compreendia da margem do rio D’ouro até a margem do rio Minho por ter ajudado na reconquista do território contra os árabes. A língua portuguesa em sua evolução desde o latim vulgar passou por três fases, basicamente: a pré-língua, a proto-língua e a língua reconhecida como um sistema independente. A pré-língua é a fase que não se tem registro escrito, mas que se pode acreditar na existência, que seria nos séculos VII e VIII. A proto-língua é o período em que nos documentos oficiais, escritos em latim religioso, muitos nomes, que somente existiam em língua popular, foram grafados. No caso a língua portuguesa era a língua popular, nomes que eram inseridos nos textos oficiais redigidos em um latim já muito modificado. Isso aconteceu entre os séculos IX e XII. A partir de 1189, a língua portuguesa é reconhecida como sistema linguístico independente, o primeiro texto, considerado uma espécie de registro de nascimento, é A cantiga da Ribeirinha ou Guarvaia, texto de autoria atribuída a Paio Soares de Taveirós.A partir do reconhecimento da existência de uma língua portuguesa, as fases da evolução dela são arcaica, clássica e moderna. A língua arcaica perdurou de 1189 até 1500, compreende os movimentos literários do Trovadorismo e do Humanismo. O período clássico corresponde aos movimentos literários do Classicismo, Arcadismo e Barroco, de 1500 até 1800. Em 1800 começa o período moderno. No movimento literário do Romantismo, que começou em Portugal em 1815 e no Brasil em 1836 após a Independência política, o escritor brasileiro José de Alencar (1829-1877) defendeu a independência cultural e linguística do Brasil. Para ele, a língua dos brasileiros não era a mesma daquela dos portugueses.
2014
A proposta do presente estudo é fornecer um quadro diacrônico das vogais do português a partir da observação de três momentos da história da língua: séculos XIII, XV e XVI. Serviram de corpora a esta pesquisa as Cantigas de Santa Maria (CSM) de Afonso X (século XIII), o Cancioneiro Geral (CG) de Garcia de Resende (século XV) e Os Lusíadas de Camões (século XVI). A metodologia adotada neste estudo consistiu, essencialmente, no mapeamento e na análise das rimas e da grafia empregadas nas obras referidas. Sabendo que as rimas dos textos poéticos podem fornecer pistas importantes sobre as antigas pronúncias da língua, que não deixaram registros orais, investigamos as possibilidades e impossibilidades de rima, nos corpora abordados, com o intuito de obter informações sobre a realização fonética das vogais tônicas e postônicas do português de antanho. No caso das vogais pretônicas, que não são contempladas pelas rimas poéticas, buscamos, na escrita da época, os vestígios das pronúncias do passado. Por meio deste trabalho, foi possível obter dados relevantes acerca das vogais tônicas, pretônicas e postônicas do galego-português, do português médio e do português moderno. Com relação às vogais da sílaba acentuada, as rimas das CSM não apenas atestam uma distinção de timbre entre as vogais médias do século XIII como também evidenciam uma mudança na pronúncia da vogal tônica de determinados vocábulos, ao longo da história da língua. Já as rimas do CG e de Os Lusíadas sugerem que essa mudança teve origem, muito provavelmente, em variações fonéticas dos séculos XV e XVI, entre vogais médias abertas e fechadas, na sílaba acentuada. Para as vogais pretônicas do passado, a grafia empregada nas três obras poéticas analisadas sugere a ocorrência de uma considerável variação fonética entre as vogais médias e altas do português antigo. Por fim, sobre as vogais postônicas dos séculos XIII, XV e XVI, os dados desta pesquisa também indicam uma possível variação entre vogais médias e altas, porém, as rimas e a grafia empregadas nos corpora considerados não nos autorizam a afirmar que a pronúncia com vogal alta, na sílaba pós-acentuada, já fosse a predominante, nos séculos referidos. Além dessa pesquisa tripartida, envolvendo as vogais dos séculos XIII, XV e XVI, este trabalho também apresenta uma descrição cuidadosa do sistema vocálico do português atual (brasileiro e europeu) e estabelece uma comparação entre as vogais da língua portuguesa e as vogais de outras línguas românicas, sobretudo as da Península Ibérica. Por tudo isso, pode-se dizer que os dados deste trabalho trazem contribuições significativas não apenas para os estudos dedicados às vogais ou à história da língua portuguesa, mas também para as pesquisas voltadas à Romanística, em geral.
2011, Cadernos De Estudos Linguisticos
Este livro é resultado do II Simpósio sobre Vogais (II SisVogais) realizado no período compreendido entre 21 e 23 de maio de 2009 na Faculdade de Letras da UFMG, contando com 42 (quarenta e dois) trabalhos de pesquisadores nacionais e internacionais nas áreas de Teoria Fonológica, Variação das vogais médias pretônicas e postônicas, Lingüística histórica/filologia, Análise Acústica, Aquisição da Escrita, Aquisição de L1 e Aquisição de L2. O simpósio é uma das atividades bienais do grupo de pesquisa “Descrição Sócio-Histórica das Vogais do Português (do Brasil)” – PROBRAVO – sediado na UFMG e, atualmente, sob a coordenação do docente responsável pela organização deste livro. Este grupo de pesquisa, criado em 2005 e envolvendo 21 universidades brasileiras, tem como objetivo realizar uma investigação através da qual sejam descritas as realizações fonéticas das vogais nos dialetos do Sul ao Norte do Brasil. Este grupo de pesquisa pretende responder as seguintes perguntas básicas: i) Como são realizadas foneticamente as vogais no Português (do Brasil)?; ii) Como se explica ou o que motiva, a diversidade de realizações fonéticas?; iii) Como os falantes do Português (do Brasil) se entendem apesar das diversidades da qualidade vocálica? iv) É possível explicar essa diversidade gramaticalmente? Das atividades do PROBRAVO já resultou a produção de diversos artigos, dissertações e teses em instituições espalhadas do Norte ao Sul. O interesse pelo Probravo e pelos estudos relacionados à alternância das vogais do português cresce cada ano. Este livro já é o segundo volume da publicação de trabalhos deste Grupo; o primeiro volume – Vogais no ponto mais oriental das Américas – foi publicado em 2009. Para este segundo volume, foram selecionados 20 dos trabalhos apresentados no II SisVogais, que discutem vários aspectos empíricos e teóricos das vogais do PB. Espera-se que essas discussões deste volume sirvam para explicitar os fenômenos que envolvem as vogais do PB e contribuam no desenvolvimento das teorias linguísticas.
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RESUMO O objetivo deste artigo é apresentar um estudo estatístico sobre as palavras com acento final (ou oxítonas) no português. Baseado em um corpus de 10.494 palavras (ou seja, todas as palavras nominais oxítonas) do Dicionário Houaiss e suas respectivas transcrições fonéticas, mostraremos que a maioria das palavras oxítonas do português é formada por empréstimos lexicais. Ainda que o latim, o " tupi " , o francês, o árabe e o iorubá tenham sido as principais fontes dos empréstimos, o português pegou emprestadas palavras de mais de cem línguas diferentes. Também discutiremos a qualidade do elemento final da oxítona (se vogal, glide ou consoante) e a freqüência geral destas palavras.
2008
Com origem no romance galego-português, transplantado da sua área inicial a norte do vale do Vouga pelos conquistadores, o dialecto algarvio conserva ainda sons, palavras e regras de gramática que testemunham esse estado de língua ancestral, assim como soluções minhotas, também elas medievais, trazidas pelos colonos. Conserva igualmente características do romance moçárabe, a língua neo-latina falada pelas populações hispanogodas durante o domínio islâmico, bem como arabismos fixados por essas mesmas populações. A par dos seus traços conservadores, o algarvio caracteriza-se também por soluções históricas inovadoras, umas espontâneas, outras provavelmente devidas a influência galo-românica das ordens militares com aquela origem ou a influxo do árabe andaluz. O seu carácter simultaneamente conservador e inovador ficaria a dever-se à difusão e preservação regionais da koinê medieval, uma variedade do português simplificada e regularizada que resultou de um processo de nivelamento dialectal nos territórios colonizados.
2019
Estes prolegômenos são dedicados à aprendizagem do latim em nível básico, concebido aqui como a língua de um povo, do povo romano. Cada capítulo foi elaborado de forma bastante semelhante. Para começar, há uma atividade de aquecimento, consistente numa reflexão sobre um tema abordado no texto latino sobre o qual o capítulo é alicerçado. Esse texto é apresentado primeiramente em tradução para o português. Seguem-se-lhe considerações acerca do autor, da obra e do texto citado, após as quais é desenvolvida a reflexão gramatical, primeiro com base no texto em português e depois com base no original latino. Com efeito, o contraste entre o passado e o presente no campo da história e entre o latim e o português no campo da gramática é a coluna vertebral destes prolegômenos. Depois, o capítulo é finalizado por um exercício, que consiste em perceber os mecanismos gramaticais estudados até então em outro texto latino.
Estudo de alterações fonético-fonológicas, morfológicas, sintáticas e lexicais presentes no Satyricon de Petrônio.
Resumo: Este trabalho teórico resulta de pesquisa desenvolvida no Núcleo de Estudos Culturais, Estéticos e de Linguagens do Instituto Federal Fluminense. Objetivando analisar e comparar a língua latina com a língua portuguesa no aspecto lexical, submetem-se à observação alguns vocábulos constantes na obra de Viaro (1999), dos quais se faz uso na língua materna, mas cujas origens são latinas. Além disso, ressalta-se a importância dos estudos diacrônico e etimológico das palavras, para que sirvam de auxílio à ortografia, apontando que o latim é uma língua bastante contributiva para o léxico derivado encontrado no português, sendo, para este, relevante nos níveis da compreensão e do aprendizado. Palavras-chave: Lexicologia e Etimologia. Léxico derivado. Latim. THE LATIN AND THE PORTUGUESE: LEXICIAN HERITAGES Abstract: This theoretical work is the result of research developed at the Núcleo de Estudos Culturais, Estéticos e de Linguagens of Instituto Federal Fluminense. Aiming to analyze and compare the Latin language with the Portuguese language in the lexical aspect, some constant terms are submitted in the work of Viaro (1999), of which one makes use in the mother tongue, but whose origins are Latin. In addition, the importance of the diachronic and etymological studies of words to help spelling is emphasized, pointing out that Latin is a very contributory language for the derived lexicon found in Portuguese, being relevant for the latter in the levels of Understanding and learning. Sabe-se que a língua latina foi disseminada por inúmeras regiões nas quais, hoje em dia, são faladas as línguas românicas, ou como dizem Cunha e Cintra (2008), nas regiões que, após a adoção do latim, "romanizaram-se" (CUNHA e CINTRA, 2008, p. 11). Logo, entende-se que o latim (vulgar) é a língua de origem das línguas românicas, tais como o português, o espanhol, o catalão e outras. Entretanto, percebe-se que, ao longo